Anjos e demônios parte 2
Anjos e Demônios Segunda parte
Demonologia ou Satanologia a Doutrina sobre os Demônios
Dr. Diego
Do Nascimento Diniz
Vamos
começar com a definição de gigantes
Gigante(s): homem de estatura incomum que tinha uma altura de mais de
dois metros e meio. Nefilim, Refaim ou Gibbor são palavras em hebraico usadas
para falar deles (2Sm 21.16, Nm 13.28, Dt 2.10). Homens valentes (Gn 6.4). De
enorme estatura (Nm 13.33). A bíblia diz que a cama de Ogue, rei de Basã tinha
9 côvados Dt 3.11. Golias, um dos gigantes que a bíblia menciona tinha 6
côvados e um palmo de altura 1Sm 17.4. Temos um egípcio que também é descrito
como um gigante, ele tinha 5 côvados de
altura (1Cr 11.25). Isbi-Benobe era mais um dos gigantes 2Sm 21.14.
Anaque(s) ou Enaque(s): “Enaque” é nome coletivo dos enaquins, e não é
limitado a um indivíduo. É uma raça de gigantes
Dt 2.10,11. Alguns acreditam que sejam descendentes de Arba Js 15.13.
Estes gigantes moravam na região ao sul de Canaã Js 21.11. Haviam três famílias
dos enaquins em Hebrom: os descendentes de Sesai, os de Ainã e os de Talma (Nm
13.22, Is 15.14). São chamados de Refains (Dt 2). Josué os mata em batalha (Js
11.21,22). Alguns sobreviveram em algumas regiões (Js 11.22). Calebe luta
contra gigantes e os vence Js 15.14, Jz 1.20.
Emins: raça de gigantes Dt 2.9,10.
Nefilim: palavra hebraica “nephîlim”, é traduzida por “gigantes” em duas
passagens da bíblia Nm 13.33 e Gn 6.4.
Refaim: significa gigante 1Cr 20.4.
Zanzumins: raça de gigantes Dt 2.20. Os amonitas chamavam os zanzumins
de Refains Dt 2.20.
A bíblia de estudos
Palavras-Chave vai descrever os gigantes da seguinte forma:
(Palavra-Chaves 5303) – NEPHILÎM: um lenhador, brigão, tirano ou gigante.
A primeira vez que essa palavra aparece é em Gn 6.4. Ezequiel faz uma
comparação dos nefilins em Ez 32.21,27. Não eram seres espirituais, mais sim
homens de grande estatura.
Vemos que estes gigantes podem ser descendentes de Lamaque (ou Lameque)
e este de Caim (1Jo 3.12, Jd 1.11, Gn 4). No antigo testamento vemos o abuso de
poder por várias vezes, Reis (alguns divinizados como o caso dos Faraós que
eram considerados o Sol do Egito enquanto reinavam Gn 12.10). Davi em 1Sm 11
abusou de seu poder quando fica com uma mulher casada e ela se deita com ele. O
Rei Assuero tinha um harém Et 2.1 ao 4. O próprio Lamaque foi o primeiro a dar
o mau exemplo e ter duas mulheres indo na contra mão da ordem de Deus, um
casal, Adão e Eva. Monogamia e não poligamia.
Como vimos nos supramencionados, nefilim pode ser entendido como sendo
homens de status no meio da sociedade. A raiz da palavra hebraica “cair” é
“napal”, e pode indicar o destino de uma queda desses “grandes” homens Ez 32.20
ao 28.
Os
Nefilins uma cosmovisão subjetiva de alguns
Para alguns estes personagens bíblicos na verdade eram filhos de anjos
com mulheres dando o resultado da hibridização dos nefilins. Alguns ainda interpretam que a finalidade última da
hibridização de seres humanos com esses anjos era para contaminar o sangue
humano impossibilitando que Jesus viesse a terra sem pecado (Gn 3.15, 4.26).
A maioria dos estudiosos acreditam que os filhos de
Deus se trata da linhagem de Sete. Essa linhagem era reta e fiel a Deus em
tudo.
As filhas dos homens seria a descendência de Caim,
sendo que esta é totalmente maligna e perversa (Jd 1.11, 1Jo 3.12).
Outra interpretação que tem repercussão já algum tempo
é de que a expressão “filhos de Deus” eram títulos para homens de elevadas
posições.
A igreja primitiva não tinha
dificuldades para entender que estes filhos de Deus relatados em Gn 6 eram de
fato anjos, tanto é que Judas (irmão de sangue de Jesus [Jd 1.1, Gl 1.19,
2.9,12, Mt 13.55, Jo 7.5], não Judas Iscariotes o traidor], como Pedro usaram
da referência do Livro de Enoque).
O que se entende na historia é que
quando Agostinho inicia sua teologia ele começa a questionar essa
interpretação, alguns dizem que Lutero e Calvino vão “apoiar” a teologia de
Agostinho, já outros vão dizer que Calvino acreditava que os nefilins eram
seres híbridos de anjos ou demônios e seres humanos.
Logo podemos entender que as possíveis
interpretações são de fato diversas. Anjos que tiveram relações sexuais com
mulheres, pessoas que ficaram possuídas por demônios, uma mistura de jugo
desigual, mais um ponto que surge
é de que estes anjos possam ter cometido este pecado após a queda de satanás,
portanto outra porção de anjos.
Estes
seres eram de fato sobrenaturais?
Os Nefilins segundo a crença hebraica e alguns
livros não canônicos como o de Enoque por exemplo, são livros que falam dessa
possível junção de anjos “filhos de Deus” com as filhas dos homens, dando
resultados híbridos de meio anjos e meio humanos que ficaram conhecidos
popularmente como Nifilins, vejamos o trecho que “Enoque” fala dos nefilins:
(referencia abaixo do livro apócrifo de Enoque)
6.1 E ACONTECEU depois
que os filhos
dos homens se
multiplicaram naqueles
dias, nasceram-lhe
filhas, elegantes e belas
2 E quando os anjos, os
filhos dos céus,
viram-nas, enamoraram-se
delas, dizendo uns
para os outros: Vinde,
selecionemos para nós
mesmos esposas da
progênie dos homens, e
geremos filhos.
3 Então seu líder
Samyaza disse-lhes: Eu
temo que talvez possais
indispor-vos na
realização deste
negócio;
4 E que só eu sofrerei por
tão grave cri-
me.
5 Mas eles
responderam-lhe e disseram:
Nós todos juramos;
6 (E amarraram-se por
mútuos juramen-
tos), que nós não
mudaremos nossa intenção
mas executamos nosso
empreendimento
projetado.
7 Então eles juraram
todos juntos, e todos
se amarraram
(ou uniram)
por mútuo jura-
mento.
(observação: este livro foi escrito em 300 a.C).
As possíveis interpretações sobre este tema são
diversas, mas vamos tentar falar de algumas delas.
Alguns
acreditam que Nefilim é a tradução para gigante em Gn 6.4. dessa forma aqui e
em (Nm 13.33). Já GIBBOR é traduzido como gigante em (Jó 16.14), outras
passagens que vão aparecer vai ser a tradução hebraica de rapha.
Outros já pensam que a palavra gigante vem da
tradução da Septuaginta da palavra hebraica “nephilim” que vai significar “os
caídos”, que vai ter origem (etimologia) em “naphal”, “cair”. Essa palavra é
ligada com a idéia de: “violência, atacar ou destruir”.
Alguns entendem que seja possível que estes seres
sejam anjos que tiveram relações com as mulheres por causa da afirmativa
“filhos de Deus”, mas não são apenas os anjos que assim são chamados.
A expressão “filhos de Deus” é aplicada a: Adão, a
Jesus, aos anjos e aos salvos. Isso não é novidade nem no período
veterotestamentário e nem no neotestamentário.
Em Gn 6.4 nas versões da:
(King James [revista e atualizada até Janeiro de 2019],
NTLH da SBB [2012],
Bíblia de Estudos Palavras Chave [edição de 2009],
Bíblia de Estudos Plenitude [...],
Bíblia de Estudos Dake [Versão Almeida Revista e Corrigida edição de 1995],
Almeida Corrigida Fiel,
e até mesmo na Bíblia Católica Edição de
Luxo – Bíblia Sagrada traduzida em português da Vulgata Latina por Pe. Antônio
Pereira de Figueiredo – São Paulo: DCL, 2006),
em todas estas versões vai dizer que antes que os filhos de Deus tivessem
relação sexual com as filhas dos homens, já haviam “gigantes” na terra.
Algumas Pessoas acreditam que os filhos de Deus sejam
anjos que pecaram, devido à algumas passagens bíblicas em que estes seres sendo
especialmente espirituais, são chamados de “filhos de Deus” como no caso de Jó
1.6, 2.1, 38.1 -7.
Em Patriarcas e Profetas, nós lemos: (Adventistas)
Naqueles dias os seres humanos eram de
grande estatura. Por regra geral, os antediluvianos estavam dotados de grande
vigor físico e mental. Esses indivíduos, renomados por sua sabedoria e
habilidade, persistentemente consagravam suas faculdades intelectuais e físicas
para complacência de seu próprio orgulho e prazeres e na opressão de seus
próximos (Patriarcas e Profetas, p. 67, 70,78 – Ellen G. White – Adventistas do
Sétimo Dia).
Vamos analisar alguns pontos e ver se estes seres eram de fato anjos ou
não
A primeira observação que se pode fazer é: o fato de
anjos serem chamados de “filhos de Deus” não é uma defesa boa pois Adão, Jesus
e os crentes salvos também são chamados de “filhos de Deus”, e não somente os
anjos.
A segunda: o contexto de Gênesis desde o capítulo 4 ate
o 10 só se fala de seres humanos e não seres transcendentais, não se fala de
anjos.
A terceira é: o texto de Gn 6 que é ligado aos textos
de Jd e 1Pe não nos fala de possessão demoníaca.
A quarta: estes textos não nos fala de anjos possuindo
corpos humanos.
A sexta: mesmo em manifestações Teofanicas, em nenhum
caso nos mostra anjos em forma humana tendo relações sexuais com mulheres.
A sétima: o que se acredita entre os eruditos é que foi
uma união de jugo desigual entre duas nações-povos diferentes, neste caso de Gn
6 com o seu contexto foram as gerações de Caim que era maligna e perversa em
todos os seus caminhos com a geração de Sete que temia a Deus e era reto em
todos os seus caminhos.
A oitava: como o próprio texto diz: “Gn 6.1 – as filhas
eram dos homens”. Aqui quando junto ao seu contexto se referindo a genealogia
entendemos que o sexo feminino vai aparecer por 10 vezes, dizendo que elas
vieram de relações entre homens e mulheres casados independente de poligamia ou
monogamia. O interessante nesse ponto é que os mesmos textos que vão aparecer
dizendo que os homens geraram filhas, vai mostrar estes também gerando filhos,
portanto no casamento vindo ambos os sexos de seres humanos e não de relações
sexuais entre anjos ou demônios e seres humanos.
A nona observação é: Deus nunca aprovou ou aprovaria
tal fato. A ordem era de casais humanos em relações heterossexuais, monogâmicas
e indissolúveis se unirem como é o nosso modelo de Adão e Eva.
A décima é: como que o livro de
Enoque pode ser considerado fiel se ele foi escrito em 300 a.C, ou seja, não
foi Enoque que o escreveu, como pode este livro ser confiável?!
A décima primeira: o livro de
Enoque é apócrifo e não canônico.
A décima segunda é: em Gn 6.1
ligado ao contexto: (Gn 6.1, 5.1 – aqui devemos voltar a Gn 1.27 quando mostra
Deus criando o ser humano a sua imagem e semelhança. Aqui devemos entender que
o casal foi criado ao pé de igualdade diante de Deus. No capítulo 2 temos
algumas informações detalhadas ao contexto da criação do ser humano. Fiz essas
observações para entrar no texto de Gn 5.2 pois ali se refere ao casal sendo
chamados de Adão. Aqui essa palavra é traduzida por humanidade, em alguns
textos se deve ter o cuidado de interpretar conforme o contexto indica). Aqui
vai ser a primeira referência ao sexo feminino para o contexto de Gn 6.
Continuação:
em Gn 5.4 vai dizer que Adão viveu 800 anos e gerou filhos e filhas.
em Gn 5. 7 vai dizer que Sete viveu 807 anos e gerou filhos e filhas.
em Gn 5.10 vai dizer que Enos viveu 815 anos e gerou filhos e filhas.
em Gn 5.13 vai dizer que Cainã viveu 840 anos e gerou filhos e filhas.
em Gn 5.16 vai dizer que Maalaleel viveu 830 anos e gerou filhos e filhas.
em Gn 5.19 vai dizer que Jerede viveu 800 anos e gerou filhos e filhas.
em Gn 5.22 vai dizer que Enoque viveu 300 anos e gerou filhos e filhas.
em Gn 5.26 vai dizer que Metusalém viveu 782 anos e gerou filhos e filhas.
em Gn 5.30 vai dizer que Lameque viveu 595 anos e gerou filhos e filhas. (versão Almeida Revista e Corrigida edição
de 1995).
Nos dois parágrafos anteriores
vemos que filhas dos homens aparecem juntamente com filhos dos homens, portanto
ambos foram gerados por seres humanos e não uma união de anjos, demônios e
humanos.
A décima terceira é: At 17.26 diz
que somente de um, este é Adão veio toda a existência humana.
A décima quarta: Em Mt 22.30 e Mc 12.25 diz que anjos não tem sexo,
portanto são seres assexuados.
A décima quinta: ainda que anjos
ou demônios tivessem possuído corpos humanos estes seres ainda sim seriam
assexuados, não teriam sexo, genitália.
A décima sexta: anjos não tem
órgãos sexuais.
A
décima sétima: anjos não tem corpos físicos.
Se anjos não tem corpos físicos e
portanto não tem genitálias logo não tem como estes terem relações sexuais e
mesmo que tivessem ainda sim seriam assexuados.
A décima oitava: Se olharmos do ponto de vista de que
somos criacionistas (fixicistas), logo entendemos que tudo o que foi criado por
Deus se mantém da mesma forma, imutáveis. (Temos um artigo falando desse
assunto – Antropologia Bíblica)
A vigésima: a bíblia não chamaria
demônios ou anjos de filhos de Deus se tivessem de fato a capacidade de terem
relações sexuais com mulheres, este ato tão depravado Deus não aceitaria, mesmo
porque Deus nunca deu tal ordem, ao não ser aos animais e seres humanos de se
unirem em (relação seria, aqui no caso seres humanos obviamente) que viria
acompanhada de reprodução.
A vigésima primeira: os filhos de Deus (Gn 6.2,4, Os 11.1, Lc
3.38, Êx 4:22,
Dt 14:1). Todos estes textos
mostram que seres humanos são chamados de “filhos de Deus”, é muita pretensão o
uso de “filhos de Deus” para sustentar o que tantos outros textos vão refutar.
Novamente, o contexto de Gn 6.2,4 é o capítulo 5 de
Gn que mostra tanto filhos como filhas por 9 vezes sendo gerados por seres
humanos.
A vigésima segunda: a descendência de Sete é
chamada de “filhos de Deus” pois a nação de Israel que posteriormente será
chamada de “filhos de Deus” e que viria o Messias, e não da de Caim, por isso
vemos a distinção de “filhas dos homens” descendência de Caim e “filhos de
Deus” descendência de Sete a qual viria o Messias.
A vigésima terceira: em Gn 6.4 diz que haviam
gigantes na terra e também depois da união dos “filhos de Deus” e das filhas
dos homens, logo entendemos que a tese de que estes seres eram anjos, demônios
e seres humanos é insustentável. O texto diz que antes que esses gigantes
existissem pela união aqui descrita dos “filhos de Deus” e filhas dos homens,
já existiam gigantes, o que indica que essa pratica já vinha acontecendo a
tempo, mesmo porque vemos que Adão, Sete, Enos, Cainã, Maalaleel, Jerede,
Enoque e Matasalem, viveram o suficiente para gerar centenas de filhos e
filhas, dando assim a possibilidade de varias relações que viria como
resultados gigantes antes de Gn 6.4.
A vigésima quarta: o juízo de Deus é contra a humanidade,
não seres espirituais. Se este texto desse alguma alternativa para que estes
fossem anjos ou demônios possuindo pessoas (seja possessão ou relação) o texto
com o seu contexto também diria o juízo destes juntamente como vemos o dilúvio
como o juízo de Deus contra a corrupção humana. Deus é justo. Quando vemos a
queda do ser humano, Deus deu um juízo para Adão, um para Eva e outro para a
serpente. Mas vemos que o dilúvio só vem contra seres humanos como resultado de
sua maldade.
A vigésima quinta: seres conhecidos como gigantes,
mesmo após o dilúvio surgiram. Se Deus já havia prendido os “tais anjos ou
demônios” em prisões eternas e se estes fatos fossem realmente verdade, de que
anjos ou demônios tiveram relação sexual, a bíblia mostraria o juízo de Deus
sobre estes “novamente”após o dilúvio.
A vigésima sexta: nos textos de Gn 6 vemos que Deus
atribui o pecado somente a seres humanos.
A vigésima sexta: a expressão “tomaram para si
mulheres” no antigo testamento só é usada se referindo ao casamento legítimo,
nunca nas relações sexuais ilícitas.
A vigésima sétima: a palavra anjo pode ser aplicada a humanos como vimos nos
casos dos pastores das cartas enviadas as igrejas na Ásia Menor:
Em primeiro lugar, o próprio Jesus chama estes
obreiros de anjos Ap 1.20...
Ap 2.1 – escreve ao anjo da igreja de Éfeso...
Ap 2.8 – e ao anjo da igreja de Esmirna...
Ap 2.12 – e ao anjo da igreja que esta em Pergamo...
Ap 2.18 – e ao anjo da igreja de Tiatira...
Ap 3.1 – e ao anjo da igreja que esta em Sardes...
Ap 3.7 – e ao anjo da igreja que esta em Filadelfia...
Ap 3.14 – e ao anjo da igreja de Laodiceia...
Bibliografias:
Pequena Enciclopédia Bíblica – Orlando Boyer
Quem é quem na bíblia sagrada – Paul Gardner
Bíblia de Estudos Palavras-Chave – Grego e Hebraico
Bíblia de Estudos Plenitude
Enciclopédia estudos de teologia – editora semeie
Norman
Geisler, Thomas Howe – Manual de dificuldades bíblicas
Bíblia de estudos Dake
Bíblia King James Revisada e Atualizada
Bíblia NTLH
Bíblia Católica – Tradução da Septuaginta
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